Todos os dias um grupo de aposentados se reunem num encontro agradável e
“obrigatório” para o bate papo, o lazer, a descontração e também uma
competição que já dura mais de 15 anos. Os jogos de dominó e de cartas
de baralho. “Aqui é nossa grande terapia”, diz Aloilson Bessa Leite.
São dois grupos que hoje somam cerca de 50 integrantes divididos entre
os que jogam pedrinhas e os que preferem o terno vermelho. Todos os
dias, a partir das 9 horas da manhã eles se dividem em grupos de quatro e
se concentram apenas nas jogadas. O que acontece “lá fora” é outra
história.
Chuva, sol, vento ou calor são pequenos detalhes que esses jovens da
terceira idade já estão acostumados a enfrentar. Não porque preferem,
mas pelas condições do local que não é tão favorável.
A praça é o único espaço público disponível no bairro Conceição onde
eles podem se reunir, mas não tem cobertura, a não ser uma improvisada
em cima do monumento (colunas) que decora a praça, localizada fica em
frente à igreja que tem o mesmo nome do bairro.
Eles não reclamam, mas bem que ficariam mais felizes se houvesse um
espaço maior e mais confortável. Ou pelo menos se fossem colocados
mesas e banquinhos fixos de cimento, a exemplo do que acontece em
algumas áreas.
“Nos divertimos aqui e consideramos um passatempo saudável, bem melhor
do que estarmos em casa, sem ter muito o que fazer”, confirma Adailson
Souza Pontes, um dos freqüentadores da praça.
Outro integrante, Alberto Fernandes Dias, conta que o grupo surgiu no
inicio da década de 90 como por acaso, com apenas quatro jovens idosos
que se encontravam para jogar, na antiga feirinha do bairro. Aos poucos,
um e outro e mais outros se aproximaram por curiosidade, gostaram e
terminaram ficando.
A “coisa”hoje é tão benéfica e ao mesmo tempo tão levada sério que os
aposentados decidiram criar a Associação dos Aposentados do Conceição,
com horários definidos e uma taxa simbólica mensal de R$5 reais. O
dinheiro é para a “manutenção do clube”, ou seja, a compra de pedras de
dominó, de baralhos, prêmios e ingredientes para um bom churrasco.
A festa com comes e bebes só acontece durante o torneio realizado pelo
menos duas vezes por ano. Ganham prêmios o primeiro, o segundo e
terceiro colocados nas duas categorias (dominó e baralho). Terapia,
passatempo, encontro de amigos, não importa o que os aposentados vão em
busca. O certo é que o hábito competitivo e rotineiro deixa o grupo
feliz e tem contribuído para uma vida mais saudável para todos eles.
E estudos científicos confirmam que os exercícios cerebrais feitos com
freqüência em cada partida, como é o caso do jogo de dominó ou do
baralho, trazem efeito positivo para a memória e a inteligência do
idoso em especial.
Ao ponto de se tornar semelhante ao que ocorre com exercícios musculares
realizados nas academias. “A atividade cerebral deve ser incentivada
com freqüência porque fortalece o registro da informação e a organização
dos dados na memória, na atenção e no raciocínio, ajudando a compensar
o avanço da idade.”.
Para o outro “sócio” Carlos Augusto Menezes, as informações são bem
vindas porque reforça o compromisso que eles já tem de se reunir, todos
os dias da semana, inclusive aos domingos para as deliciosas partidas
de baralho e dominó.
Ah! Os “meninos da melhor idade” dizem que o “clube” é aberto à
participação de qualquer pessoa, independente de ser aposentada ou não.
Por Rosi Barreto [A Região]